A biologia, com toda sua riqueza de conceitos e classificações, pode parecer distante do cotidiano de muitos estudantes. Mas quando se une à poesia, ela se aproxima — toca, emociona, fixa. E é justamente nesse encontro entre verso e ciência que nasce uma forma mais inclusiva, sensível e eficaz de aprender.
Por que unir poesia e biologia faz sentido?
Antes de tudo, é preciso lembrar: tanto a poesia quanto a biologia são formas de interpretar o mundo. Uma com palavras, outra com observações e hipóteses. Quando essas duas linguagens dialogam, o aprendizado se torna mais significativo. Em vez de decorar termos, o aluno passa a compreendê-los por meio de metáforas, ritmos e imagens que despertam a imaginação.
A literatura de cordel como ponte entre saberes
Um exemplo marcante vem do Nordeste brasileiro. Educadores da região têm recorrido à poesia popular — como o cordel — para ensinar conteúdos de biologia de forma mais acessível, especialmente na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Versos rimados sobre genética, ecologia e saúde transformam o conteúdo escolar em algo próximo à vivência dos alunos, como mostra a reportagem da USP.
A poesia, nesse contexto, atua como tradutora e facilitadora. E o resultado? Mais interesse, mais participação, mais compreensão.
Uma abordagem interdisciplinar em sala de aula
No trabalho “Biologia e Poesia no Mesmo Caderno”, o professor Victor Tarcisio Loureiro propõe uma série de atividades que cruzam os conteúdos de biologia com a criação poética. O objetivo é mostrar que a linguagem científica não precisa ser fria nem impessoal. Ao contrário: ela pode (e deve) conviver com a expressividade da arte e da emoção. Leia aqui
Essa metodologia favorece o pensamento crítico, a leitura do mundo e o pertencimento dos alunos ao conhecimento que constroem — algo fundamental para a educação ambiental e para a formação de cidadãos conscientes.
A poesia, nesse contexto, atua como tradutora e facilitadora. E o resultado? Mais interesse, mais participação, mais compreensão.
Olhar poético sobre a biologia
Não é por acaso que muitos biólogos também são escritores, como é o caso do moçambicano Mia Couto. Em suas obras, ele mistura ciência e poesia para revelar a beleza (e a urgência) do mundo natural. Como ele mesmo diz, “há mais poesia nos olhos de uma criança olhando um inseto do que em muitos livros”.
Esse tipo de olhar — curioso, encantado, sensível — é também o que move a educação científica quando feita com afeto.
Conheça Sépia: o lamento da Terra desbotada
Uma narrativa ilustrada e comovente contada pela própria Terra, Sépia convida leitores de todas as idades a enxergar o planeta com mais empatia. Através de palavras delicadas e imagens tocantes, o livro nos lembra que, mesmo diante da crise climática, ainda há beleza, memória e esperança brotando do solo.
Um convite: que tal experimentar essa mistura?
Se você é educador, poeta, cientista ou simplesmente alguém curioso, que tal experimentar? Escreva um poema sobre a fotossíntese. Transforme uma aula sobre abelhas em um cordel. Descreva um ecossistema como quem descreve um sonho.
Afinal, ensinar biologia é também ensinar a olhar. E a poesia, nesse caminho, pode ser um guia poderoso.
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