O aquecimento global não fala alto.
Mas quem escuta a ciência, sente que o sussurro da Terra está mudando de tom.
1. Porque estamos falando disso agora?
Em 2024, o mundo registrou o ano mais quente da história humana. A temperatura média global chegou a 1,47 °C acima dos níveis pré-industriais, de acordo com dados da NASA. Em algumas regiões, como o sul da Europa e o Brasil central, os termômetros ultrapassaram os 45 °C.
Entretanto, o calor não veio sozinho.
Com ele, vieram também as enchentes no Sul do Brasil, os furacões mais intensos no Caribe e as ondas de calor marinhas que sufocaram corais e espécies costeiras. Ou seja, vieram os extremos.
Portanto, a crise climática não é mais uma possibilidade futura.
Ela está em curso. E está entre nós.
2. O que é o aquecimento global?
O termo “aquecimento global” refere-se ao aumento gradual da temperatura média da Terra, causado principalmente pelo acúmulo de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera — como o dióxido de carbono (CO₂), o metano (CH₄) e o óxido nitroso (N₂O).
Esses gases são emitidos, em grande parte, por atividades humanas. Entre elas, destacam-se:
- Queima de combustíveis fósseis (carros, usinas, aviões)
- Desmatamento (especialmente em florestas tropicais)
- Agropecuária em larga escala
- Indústrias intensivas em energia
Esses poluentes são liberados, sobretudo, por atividades humanas. A queima de combustíveis fósseis em transportes e indústrias é uma das principais fontes. Além disso, o desmatamento — especialmente em florestas tropicais — reduz a capacidade do planeta de absorver CO₂. A agropecuária intensiva e a produção industrial também contribuem significativamente para o agravamento do problema.
É importante lembrar que a Terra já passou por ciclos climáticos naturais. No entanto, a velocidade e a intensidade das alterações atuais não têm precedentes desde o surgimento da civilização humana.
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3. Como sabemos que o aquecimento global é real?
A ciência tem acompanhado o comportamento do clima com precisão crescente. Pesquisas e medições realizadas por instituições como NASA, NOAA e IPCC oferecem uma base sólida para compreender o que está acontecendo.
Entre as evidências mais consistentes, podemos citar o aumento contínuo da temperatura média global, a rápida diminuição das calotas polares e geleiras, a elevação constante do nível do mar e a intensificação de eventos climáticos extremos, como secas prolongadas, furacões mais fortes e chuvas torrenciais.
Além disso, há um deslocamento de espécies e colapsos ecológicos visíveis em diversos ecossistemas. O consenso entre os cientistas é claro: o aquecimento global é real, tem origem nas ações humanas e já está trazendo impactos significativos para a vida no planeta.
4. As consequências do aquecimento global já estão entre nós
No Brasil, os efeitos do aquecimento global são cada vez mais visíveis. A Amazônia, por exemplo, enfrenta períodos mais secos, temperaturas mais elevadas e um aumento significativo na ocorrência de incêndios florestais. Enquanto isso, o semiárido avança rumo à desertificação, afetando a agricultura e o abastecimento hídrico. Nas cidades litorâneas, o aumento do nível do mar já ameaça comunidades e infraestrutura. Além disso, ciclones e secas extremas têm ocorrido com mais frequência em diversas regiões do país.
No restante do mundo, os recifes de corais vêm colapsando devido ao aquecimento dos oceanos. Espécies polinizadoras, essenciais para a produção de alimentos, estão desaparecendo em ritmo alarmante. Consequentemente, cresce o número de refugiados climáticos, enquanto a insegurança alimentar se espalha por regiões já vulneráveis.
5. O papel da ciência e da educação
Como mostram os autores do artigo “Educação em mudanças climáticas no contexto brasileiro” (publicado na revista Terrae Didatica, da UNICAMP), o tema ainda é tratado de forma superficial nas escolas. Com frequência, é reduzido a gráficos e conceitos descontextualizados.
Consequentemente, os estudantes têm dificuldade em compreender a gravidade e a complexidade da crise climática.
Por isso, é urgente:
- Formar melhor os professores
- Atualizar os currículos escolares
- Propor vivências que unam pensamento crítico, ciência e sensibilidade ambiental
Mais do que explicar o que está mudando, precisamos mostrar por que isso importa e como cada pessoa pode agir.
6. Escutar os dados. Escutar a Terra.
A ciência já falou.
Os dados já foram mostrados.
A crise já começou.
Agora, é hora de escutar — com o cérebro, mas também com o coração.
Porque só escutando profundamente podemos reagir com responsabilidade, coragem e cuidado.
O planeta está em crise.
Mas ainda pulsa, ainda há vida, ainda há tempo.
Se soubermos escutar, ainda podemos mudar o final dessa história.