Edit Template

Educação ambiental e poesia: caminhos para a empatia ecológica

A poesia pode se tornar uma poderosa aliada da educação ambiental.

Como despertar o cuidado com o planeta em tempos de urgência climática e sobrecarga de informações? Talvez seja preciso ir além dos dados e dos gráficos. Talvez seja preciso tocar. Encantar. Aproximar.

A empatia começa na escuta

Educação ambiental não é apenas transmitir conteúdos sobre ciclos naturais, espécies ameaçadas ou poluição. É, antes de tudo, cultivar um senso de pertencimento e responsabilidade. É fazer com que o aluno sinta que faz parte de uma teia — e que sua ação (ou inação) reverbera.

E não há nada como a poesia para treinar o olhar e a escuta. Ao nomear o que muitas vezes passa despercebido — uma gota, uma folha, um canto de ave — o poema convida à contemplação. E quem contempla, cuida.

A poesia como estratégia pedagógica da educação ambiental

Quando levamos a poesia para a sala de aula, abrimos um espaço de sensibilidade dentro do currículo. Um espaço em que o conhecimento científico dialoga com a arte e a emoção. Onde os conteúdos ganham voz, ritmo e imagem.

Atividades como criar haicais sobre ecossistemas, escrever cartas poéticas de uma planta para um ser humano, ou transformar a trajetória de um rio em narrativa lírica são formas de conectar os alunos à natureza de maneira mais afetiva e profunda.

Esse tipo de abordagem é defendido por diversos pesquisadores da área, como mostra o artigo “Poesia como recurso para o ensino de Educação Ambiental” (Silva & Oliveira, 2023), que destaca como a poesia pode atuar como uma linguagem alternativa para mediar conteúdos ambientais, especialmente com estudantes do ensino fundamental, promovendo tanto o aprendizado quanto o envolvimento emocional com os temas ecológicos. Leia aqui o artigo completo

Para além da denúncia: poesia como semente

Muitas vezes, a educação ambiental recorre à denúncia: imagens impactantes, dados alarmantes, cenários de catástrofe. Embora importantes, essas abordagens podem gerar paralisia ou desesperança.

A poesia, ao contrário, planta sementes. Ela não grita, mas sussurra. Não acusa, mas convida. Por isso, pode ser uma ferramenta preciosa para cultivar uma consciência ecológica mais enraizada no afeto e na possibilidade de transformação.

Conheça Sépia: o lamento da Terra desbotada

Uma narrativa ilustrada e comovente contada pela própria Terra, Sépia convida leitores de todas as idades a enxergar o planeta com mais empatia. Através de palavras delicadas e imagens tocantes, o livro nos lembra que, mesmo diante da crise climática, ainda há beleza, memória e esperança brotando do solo.

Porque só se cuida do que se ama — e só se ama o que se conhece

A poesia não substitui o conhecimento científico, mas o complementa. Ela nos ajuda a sentir o que já sabemos. E esse sentir é, talvez, o primeiro passo para uma educação ambiental verdadeiramente transformadora.

Compartilhe:

Luciana Fernandes é bióloga, mestre em Engenharia Ambiental, ilustradora e autora de livros que unem ciência e arte. Com olhar sensível para a natureza, cria narrativas ilustradas que convida o leitor a enxergar o mundo com mais curiosidade e delicadeza.

Edit Template

© 2025 Biologia & Poesia